quarta-feira, outubro 18, 2006

Mitos fundacionais

Há uma constante nos mitemas, como analisou Gilbert Durand. Eles são temas que aparecem, desaparecem e voltam a aparecer na cultura, ao fim de gerações que pensaram ter acabado com a infraracionalidade, atirando tudo o que se não pode tocar para o caixote do lixo da história da cultura.
Na verdade, não é isso que nos aportam as disciplinas científicas e até mesmo positivistas. O que se tem provado em abundância é que os mitos fundacionais perduram e dão segurança a povos íntegros. E quem não os tem, inventa-os.
Veja-se, por exemplo, o mito do movimento de libertação, que engendra o mito do pai fundador (Nkrumah, Senghor, Mandela, Mugabe, Samora Machel e assim por diante), mas este mito da fundação da nossa parte tem como âncora o milagre efectuado ao pequeno Afonso Henriques, nas flores de Santa Isabel, na oração do Condestável antes da batalha, e depois em outras emoções da mesma altura que se encontrão na Restauração e em especiais momentos da nossa História.
Seria neste momento lembrar que a relação com o divino é uma das nossas especialidades. Ora bem: no século XX os acontecimentos são fantásticos porque é a Santa Sé, os Papas, que reconheceram pelo menos três dos actos mais simbólicos da Igreja Católica nos últimos tempos.
Admito que não sejam conhecidos, mas esquecidos nunca. Passo a enumerá-los porque creio que fazem parte integrante daquilo que eu chamaria o destino manifesto de Portugal
A Consagração da Rússia ao Coração de Maria. Encomendada à Irmã Lúcia e protagonizada com todo o ritual por João Paulo II
A Consagração do Mundo ao Coração de Maria pedida à jovem de Baltasar, Alexandrina Maria. Efectuada pelo Papado. A jovem está beatificada.
A Consagração do Mundo ao Coração de Jesus pedida à alemã Dröste zu Vishering, vivendo no Porto, no Convento de Arca de Água, uma irmã do Bom Pastor, que conseguiu fazer avançar o que entendia ser certo e que o Papa aceitou fazer, escrevendo a propósito desse acto solene uma Encíclica que se chama Aurietis Acquas ( Tirareis água das fontes do Redentor). A Irmã está beatificada e escreveu um Tratado da Verdadeira Devoção ao Coração de Jesus (não editado)
O grande interlocutor destes visionários foi o Papa Leão XIII (Lumen in cielo) e é por isso que a sombra do grande Leão XIII pairou pois sobre esta nação, cujo Anjo se revelou a Portugal de uma forma muito particular nestas ordens executadas e saídas daqui.
Pensam que um pequeno país, grande na sua dimensão espiritual, poderia fazer melhor? Os três maiores actos da Cristandade moderna partiram daqui, até porque na Basílica da Estrela está um quadro que nunca deveria ser pintado antes das autorizações legais, mas que a Rainha devota de Santa Margarida de Alacoque fez o Papa autorizar. Refiro-me ao retábulo central onde está para admiração pública, antes de qualquer outra pintura no mundo, o quadro do Coração de Jesus.
Não será este tema mais um dos mitos fundacionais de Portugal, integrado no grande mito do destino manifesto?

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

O Regresso do Tradutor do «Tratado da Verdadeira Devoção à SS.ma Virgem» de S. Luís de Montfort.

Obrigado por este Texto Admirável!

quarta-feira, outubro 18, 2006 8:53:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Há algum mail por onde possa contactar a redacção da revista?

Ainda não recebi nenhum número da revista em casa...e já paguei...

quarta-feira, outubro 18, 2006 11:22:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Pois é, o último número, "60 / Nov-Dez 2005", chegou-nos pelo correio em 2 de Maio de 2006.
Então, este ano ainda não saiu nenhum número.
Em vez de bimestral, valia mais ser anual, como a Nouvelle École.

quinta-feira, outubro 19, 2006 4:24:00 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

No tal último número, vem:

futuro.presente@portugalmail.pt

tel:
21 322 41 80
21 347 35 47
Fax:
21 347 06 64

Assinaturas:
Dinamene Rebelo
dina.rebelo@lxmedia.com
tel:
21 716 73 86
(das 09 às 13h todos os dias úteis)

quinta-feira, outubro 19, 2006 4:29:00 da tarde  

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