terça-feira, março 13, 2007

ENTREVISTA DE JAIME NOGUEIRA PINTO À REVISTA "FOCUS"

PERGUNTAS:

1. Relativamente ao programa Grandes Portugueses, que reacções têm tido as pessoas quando o encontram na rua?

2. De que forma pensa ter contribuído para a percepção de Salazar por parte dos portugueses?

3. Há uns anos o estilista Nuno Gama apresentou publicamente uma t-shirt com a imagem de Salazar. Na altura, as reacções foram muito negativas, mas hoje parece já não ser assim. O que é que mudou nos últimos dez anos e que é que prevê que vá mudar nos próximos tempos?

REPOSTAS:

1. Dois tipos de reacções, ou melhor três: pessoas que simpatizam ou admiram o meu “defendido” e me felicitam. Depois, pessoas umas que conheço, outras não, que me dizem que não gostam ou não partilham as convicções políticas de Salazar, nem do seu governo, mas que gostaram do modo como eu o apresentei e defendi. Tive também ataques – que reflectem dois tipos de mentalidade: uns fundamentalistas esquerdistas, indignadíssimos ou “sardónicos”, e a tentarem fazer graça (pobrezinha). Argumentos, poucos ou nenhuns. E até criaturas que desenvolveram teorias da conspiração em que eu estaria feito com a esquerda, para dar cabo de Salazar” Mas a substância dos comentários é positiva e alguns – entre os mais novos, revelam surpresa genuína por Salazar não ser o ogre, o saloio, ou o Torquemada que lhes pintaram!

2. O meu objectivo principal era mostrar o outro lado de uma história que há 30 anos a esta parte é unilateral. Como admito que fosse unilateral no tempo do Estado Novo embora ao contrário. E sobretudo acentuar a importância da “Nação”, como valor político, e de Salazar como defensor da independência nacional, da liberdade da Nação. O que eu queria que as pessoas percebessem era que Salazar – que pode ter errado, e errou em vários aspectos – actuou sempre pensando nesse interesse nacional. Além de ser honesto, inteligente, corajoso e coerente. E ter endireitado as Finanças, guiado bem a política externa e restaurado o prestígio do país.

3. É a passagem do tempo, com a passagem dos “antifascistas” de moda. As pessoas hoje – depois do 11 de Setembro e do “Não” à Constituição Europeia - dão-se conta de temas e problemas, que antes estavam encobertos por esta euforia optimista, panglosiana do tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos. Hoje com o macroterrorismo, com a crise da construção europeia, com a questão energética, com a imigração galopante, com os riscos do Estado de Bem-Estar, começam a duvidar das políticas e dos políticos eufóricos, auto-satisfeitos. E a entender que a sociedade, a civilização são coisas boas mas precárias, difíceis. Que por um lado, como dizia o Friedman “there is no free lunch”; e por outro, uma sociedade baseada na pura soberania, relativismo e “autenticidade” dos seus membros – sem regras de jogo e valores de orientação permanente – é uma sociedade suicida.
Daí que um pensamento rigoroso, realista, baseado na experiência histórica e um certo pessimismo antropológico, como o de Salazar, desperte o interesse.
E que o “pensamento único”, antifascista, nas suas várias modalidades canse as pessoas. O que não quer dizer, que se queira ou vá restaurar o Estado Novo amanhã!

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