segunda-feira, junho 11, 2007

A UNIÃO EUROPEIA - VISTA DA PONTE LEVADIÇA

A "Carta da Eslovénia" do Bernardo veio a calhar para anteceder este post que estava na calha há uns dias - em que se fala de um professor da Universidade de Ljubliana.
De facto, trata-se de um artigo de Slavoj Zizek, publicado numa nova "revista" inglesa de ideias, literatura, comentários e arte, que sob o formato de jornal aparece trimestralmente. Cada número é dedicado a um tema: os dois números que tenho ocupam-se do "fracasso" e da "liberdade". A orientação é "esquerdista", se assim lhe quisermos chamar. O nome da publicação - curiosamente - é The Drawbridge, "A Ponte Levadiça", uma escolha à primeira vista pouco "progressista". No capítulo do "fracasso", publicou um texto de Zizek sobre a União Europeia (como evitar a UE neste capítulo?) que tem por título "Uma ode Turca demais para a Europa" e na sua maior parte analisa o "Hino à Alegria" de Beethoven, que tem funcionado como uma espécie de "hino da Europa", depois de ter servido para celebrar muitas outras coisas - como lembra o autor - desde a Humanidade ("a Marselhesa da humanidade", para o comunista Romain Rolland) à Revolução Cultural Chinesa, passando pelo III Reich. É uma peça musical cheia de referências turcas, diz o ensaista esloveno, o que lhe parece pouco feliz dada a embaraçosa relação entre a UE e a Turquia, e que "se desconstrói a si própria". A concluir, diz Zizek: "Como no final da Nona Sinfonia de Beethoven, não será que o verdadeiro problema não é a Turquia, mas a própria melodia de base, a canção da unidade Europeia tal como nos é tocada pela elite tecnocrática pós-política de Bruxelas? Do que precisamos é de uma melodia principal totalmente nova, uma nova definição da própria Europa. O problema da Turquia, a perplexidade da União Europeia quanto ao que há-de fazer com ela, não tem tanto a ver com a Turquia como com a confusão sobre o que é que a Europa é."

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