quarta-feira, julho 25, 2007

TRADUTOR, TRAIDOR

Mais um exemplar para a colecção interminável. Foi capturado na versão portuguesa de um texto americano, publicada num grande diário nacional, e logo no respectivo suplemento de artes e letras.

Diz assim um passo do texto português: "Os advogados de acusação alegaram que os procedimentos de uma pequena operação do género [agiotagem], dirigida por Isgro, alimentaram as ofertas da família [da Máfia] Gambino"; o que estava escrito em inglês era: "Prosecutors alleged that proceeds from a tiny loan sharking operation run by Isgro fed the coffers of the Gambino crime family". Era fácil de supôr pelo contexto, mas tive ocasião de verificar o original. Proceeds não é "procedimentos" mas receitas, coffers, a não ser que tenha caído o c, é cofres e não ofertas. Ou seja, "as receitas ... alimentavam os cofres...". Sem falar em que agiotagem não é "agiotismo", como aparece no texto em várias ocasiões, nem em que os "advogados de acusação" deveriam ser, talvez mais propriamente, neste caso, aquilo a que se chama Ministério Público.

Insignificâncias? Sim, de certa maneira. Mas a grande questão é sempre a mesma, dado que neste exemplo, como em muitos outros, a frase em português não faz sentido: entre os alfabetizados produzidos para efeitos estatísticos pela nossas escolas algum aprenderá a ler?

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