sexta-feira, setembro 21, 2007

DEPOIS DE AMANHÃ: KEROUAC

Há amanhãs que nunca chegam - por exemplo, os amanhãs que cantam do "futuro radioso" - e outros que tardam em chegar, como o do prometido Jack Kerouac, já lá vão uns dias. Antes de voltar a Kerouac, queria ter lido ao menos os trechos de On the Road seleccionados para o Portable Jack Kerouac (Ann Charters, ed., Viking portable Library, 1996), que esse, sim, faz parte da minha desarrumada biblioteca, juntamente com The Subterraneans, Vanity of Duluoz e as recordações de Joyce Johnson. Ainda não consegui ler mais do que duas ou três páginas, porque tem havido sempre interrupções - e não adio mais. Kerouac, que morreu em 1969 com 47 anos, era um homem de convicções "conservadoras" em muitos aspectos, ao contrário do que a sua vida e imagem de boémio rebelde e "inconformista" podiam fazer pensar. Não se privou de manifestar as suas "verdades" verdadeiramente inconvenientes, em particular numa das suas últimas aparições em público, em 1968, no programa de televisão de William F. Buckley, Jr., "Firing Line". O nossos jornais e suplementos literários fazem referência a esse lado incómodo, católico, anti-comunista e anti-hippie, patriota, do "inventor" da beat generation, coisa que não teria acontecido, provavelmente, se não existisse a "rede". O progresso tem também os seus custos para o "conforto intelectual". Em Portugal foi publicada pela Ulisseia em 1960 uma tradução de Hélder dos Santos Carvalho intitulada Pela estrada fora (ler a história desta edição em "Kerouac contra a PIDE", no "Ípsilon" do "Público", 24 de Agosto). Mais, se calhar - depois de depois de amanhã.

P.S. Vejo agora que há pelo menos mais duas edições de Pela estrada fora em Portugal, na Relógio d'Água, em 1999, e na colecção Mil Folhas do "Público". Não encontrei indicação de tradutor nas notícias sobre qualquer delas. Será a versão de 1960? Neste país ninguém nos diz nada.

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