segunda-feira, dezembro 31, 2007

"CAÇADORES NA NEVE"

(Peter Breughel,1565)
Sempre me fascinou este quadro de Breughel. Foi pintado em 1565, e tem aquele poder misterioso e sedutor da realidade que nos surpreende e nos faz sonhar ao mesmo tempo; como escreveu um historiador de Arte a propósito é "tranquilizante" enquanto podemos ver as coisas como são, mas é também"deliciosamente surpreendente". Como gostamos, no fundo, que sejam as pessoas e as coisas que mais amamos.
O que vejo aqui é uma cena na Europa do século XVI, "século de Ferro", de guerras religiosas e razão de Estado, de Carlos V e de Filipe II, dos Valois e de Henrique IV, de Henrique VIII e de Isabel I, de D.Manuel I, D.João III e D.Sebastião. Dos últimos condottieri e dos primeiros grandes generais profissionais. Mas também de Holbein, de Dürer, de Lutero, de Santo Inácio, de Erasmo, de Brantôme, de Montaigne, de Camões , de Cervantes e já de Shakespeare-"inventor do humano".
Dentro e longe de tudo isto, indiferentes e diferentes, mais da Natureza que da História, os três caçadores de Breughel voltam com os seus cães da caça, numa paisagem realista e mágica, como se todo esse mundo da política , da força, da guerra, tivesse muito para lá dessa linha do horizonte, pintada com cores tão iguais às que pomos, dentro de nós , à nostalgia desse e de outros dias em que como os Caçadores da Neve voltámos para uma Ítaca qualquer donde tínhamos partido outro dia para Tróia ou Pérsagada.
Um Ano de 2008 com de manhãs de partida para o vasto Mundo, é o melhor que posso desejar aos que por aqui passam.

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