terça-feira, março 04, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - HENRY KING, HILDEGARDE NEFF

À terça é dia de Cinema na RTP Memória: hoje (22.05) o filme em exibição - As neves de Kilimanjaro (1952) - é, de novo, uma adaptação de uma obra de Ernest Hemingway sob a direcção de Henry King. Vimos há pouco The Sun Also Rises e ainda houve mais uma vez em que King se cruzou com o mesmo escritor, no filme de O Velho e o Mar (The old man and the sea, 1958), em que, ao que parece, terá tido a sua intervenção, embora fosse assinado por John Sturges. A carreira de Henry King foi longuíssima (de 1916, ou antes, até 1962, ano do seu último filme, outra adaptação de um grande romance americano, Terna é a Noite, de F. Scott Fitzgerald. Viveu 96 anos (1886-1982); quando morreu era ligeiramente mais velho do que o próprio cinema. Ninguém aprecia muito as suas adaptações literárias - embora haja unanimidade, e se a memória não me trai, acho que fundada, em considerar o seu western The Gunfighter (1950), com Gregory Peck, um filme de qualidade acima da média. Não é geralmente considerado à altura de Hemingway - no que não sou tão categórico e talvez se deva a que as adaptações cinematográficas põem em evidência o muito que há de banal e artificioso na obra do escritor. O cenário de The Snows of Kilimanjaro -como toda a gente sabe ou já percebeu - é a África da caça grossa dos "grandes caçadores brancos" que serviu a "Papa Hemingway" para um dos seus melhores contos: "The short happy life of Francis Macomber" e para muitas outras narrativas.
Neste filme entra uma actriz esquecida, que ainda era à época "the gorgeous Hildegarde Neff" (nome verdadeiro Hildegard Knef), uma actriz alemã que teve um dos seus últimos papéis em Fedora (1978) de Billy Wilder - e de que nunca mais me esqueci desde que a vi pela primeira vez, há muitos, muitos anos, num filme com Tyrone Power e Patrícia Neal, chamado Diplomatic Courier (1952, Correo Diplomatico, era, salvo erro, o título da versão espanhola que passava num programa duplo qualquer do Madrid dos anos 50). Depois de uma prometedora estreia num cotado filme alemão do pós-guerra (Os assassinos estão entre nós, 1946, Wolgang Staudte) a carreira dela nunca correspondeu às expectativas iniciais. Fez teatro (até na Broadway, com êxito, a comédia musical Silk Stockings, de Cole Porter, que no cinema foi protagonizada por Fred Astaire e Cyd Charisse), cantou (uma "segunda Marlene"), entrou em filmes alemães, norte-americanos, franceses - e até num filme inglês de terceira ordem chamado Mozambique (1965). Em 1970 publicou uma notável autobiografia intitulada, na versão inglesa que li, The Gift Horse (em alemão, para os muito curiosos, é Der geschenkte Gaul: a cavalo dado...). Morreu em 2002.

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