quarta-feira, março 19, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - OUTRA VEZ

Depois da pausa que refresca - aqui estamos outra vez. Um só filme para hoje: O Chacal (The Jackal), na TVI, à meia noite e vinte. Realizado por Michael Caton-Jones, com Richard Gere, Bruce Willis e Sidney Poitier, é um filme que me pareceu mais bem feito e me divertiu mais do que à maioria dos críticos, que à época da estreia o classificaram muito mal. Embora não seja o que se chama um remake, foi baseado num filme de que muitos de nós nos lembramos e hoje é bastante prezado e, muito de quando em quando, tem aparecido na televisão: The Day of the Jackal (1973), de Fred Zinneman. Na Wikipedia, em "The day of the jackal" (film), detalham-se parecenças e diferenças e puras transposições de um filme para o outro. Zinneman, parafraseando Agustina a propósito de Manuel Alegre, é um grande realizador menor, um realizador oscarizado duas vezes: como director de Até à eternidade, (From Here to Eternity, 1953) um melodrama tirado de James Jones, com grandes interpretações - Frank Sinatra, Donna Reed, etc., e um tom documental próprio de um realizador que se iniciou no documentário, na Áustria natal, onde foi companheiro de Billy Wilder e Robert Siodmak, outros dois austríacos do cinema americano, que é em grande parte um cinema de "estrangeiros", um filme, aliás, gozado, entre outros, por Wilder em O pecado mora ao lado (The Seven Year Itch, 1955); e com Um homem para todas as estações (A Man for All Seasons, o filme de 1966 sobre o Santo inglês Sir Thomas More, que na sua crítica elogiosa do Tempo Presente Manuel Gama chamou "O elogio da razão"). Fred Zinneman realizou também o célebre western O combóio apitou três vezes, um filme progressista sobre, paradoxalmente, a cobardia das multidões (High Noon, 1953) e cujo contraponto filosófico e político é o Rio Bravo de Howard Hawks; os amantes encartados do western desdenham este filme quase tanto como as vanguardas do progresso da humanidade desdenham o povo. Zinneman morreu, com 89 anos, justamente no ano de O Chacal, 1997. Chacal era sobre um atentado da OAS contra De Gaulle nos anos 60, o filme de Caton-Jones passa-se na América do pós-guerra fria e da lua-de-mel russo-americana contra o "terrorismo". Entre uma coisa e outra pode contar-se uma parte importante da história do século XX.

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