terça-feira, maio 20, 2008

QUE FITA VAI HOJE? - FOI ONTEM; OUTRA VEZ

Se tivesse prestado a devida atenção, ontem podia ter recomendado a quem estivesse disposto a esperar pela 1.30 que desse uma olhadela, no canal Hollywood, ao filme do cineasta francês Henri-Georges Clouzot A verdade (La vérité, 1960, com Brigitte Bardot). Não o revi e, com franqueza, não tenho uma recordação muito definida deste filme, que vi uma única vez, na sua época, e pouco reaparece. Condizia, tanto quanto me lembro, com o resto do cinema de Clouzot pelo seu negrume mas tenho ideia de que não estava à altura do que de melhor devemos a este realizador, um tempo maldito, acusado de ter traçado em Le Corbeau (1943) um retrato desabusado e pouco lisonjeiro dos franceses de província, numa altura em que isso, sob a ocupação alemã e para uma produtora dominada pelos alemães, montava a alta traição. Tive ocasião de ver esse filme, pela primeira vez, recentemente - numa edição em dvd em que o cineasta e crítico Bertrand Tavernier o apresenta e defende - e é, ao contrário da lenda negra, um dos mais amáveis e "humanos" do autor, na veia "policial" e de costumes que cultivou quase exclusivamente e com inegável talento. Os dois filmes mais conhecidos de Clouzot ainda são, penso, As diabólicas (1955, refeito em Hollyood há alguns anos) e o famoso e muito gabado filme de suspense O salário do medo (Le salaire de la peur, 1953, também remade em Hollywood, sob a direcção de William Friedkin). A noite de ontem não oferecia, de resto, uma visão muito rósea da natureza humana: no TCM passou o amaríssimo Pennies from Heaven (Dinheiro caído do céu, 1981), escrito pelo brilhante e desagradável Dennis Potter, uma figura ímpar no panorama da televisão e do cinema da Grã Bretanha (o mesmo texto fora uma mini-série de televisão, em 1978, com Bob Hoskins). Hoje - neste momento - está a correr no canal Hollywood, Thunderheart (Coração de trovão, 1992), de Michael Apted, a quem devemos um dos melhores filmes policiais dos últimos vinte anos, a adaptação impecável e inolvidável de Gorky Park (1983, com duas das maiores interpretações de William Hurt e Lee Marvin), a primeira aventura de Arkady Renko, o polícia russo criado por Martin Cruz Smith, protagonista de uma série de romances que estão entre os mais bem escritos dos últimos tempos, e não estou só a falar dos que entram na categoria dos thrillers.

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